A Identidade de Gênero depende do "como me sinto". Não depende do sexo de nascença ou biológico, e sim do sentimento de ser homem ou mulher de acordo com o comportamento socialmente aceito. Há uma desconexão com o sexo do corpo e uma conexão com os conceitos e sentimentos que a pessoa tem de sim mesma.
A sexualidade humana é muito complexa, e também plural visto que combina aspectos biológico, psíquico, social e cultural o que permite uma amplitude expressiva que confunde a muitos sujeitos. Para tentar dar conta desse amplo aspecto a cultura normativa a classificou como heterossexualidade, deixando à margem todas as outras expressões da sexualidade. Isso é uma forma de Controle segundo o filósofo Michel Foucault. Vivemos numa sociedade opressiva, normativa e de controle. Assim sendo toda(o) àquela(e) que ousa ser diferente é punido.
Hoje em dia essa punição não pertence mais a todos os sistemas de controle instituídos, pelo menos não de forma ostensiva, é mais sutil. È um controle subjetivo, a partir do momento que deixa nos "diferentes" a marca desta diferença causando-lhes uma série de sofrimentos psíquicos.
Desde que nascemos somos colocados em "caixinhas" do tipo: menino gosta de azul, joga bola e não chora à toa; menina brinca de boneca, se veste de rosa e é sensível ou chora à toa. Aqueles que não se identificam com isso sabem qual a "veracidade" dessas colocações ou o que é pior, como sentem quando percebem, "mas eu não sinto assim ou eu não gosto de rosa e sim de azul". Daí surge uma ruptura, para não serem rejeitados acabam rompendo consigo próprio. Nada disso é natural, as coisas não são dadas dessa maneira, e sim construídas socialmente para atender a normativa heterossexual. Mesmo que passemos longe de perceber isso.
Entretanto existe um grupo de pessoas que resistem, porque não podem aceder a essa normativa social. São àqueles que amam seres humanos de mesmo sexo, ou ainda àqueles que não se identificam com seu sexo físico e se sentem do outro sexo. E o que sentem eles ao se depararem com uma norma tão exclusivista?
Alguns não aceitam ser o que são e sofrem deveras. Padecem de:
Problemas psicológicos;
Baixa auto-estima;
Dupla personalidade;
Preconceitos internos;
Homofobia/lesbofobia internalizada;
Desvalorização de si mesmo e insegurança;
Confusão de identidade;
Medos diversos tais como: violência, perda de emprego, rejeição de amigos e familiares;
Aceitação da heterossexualidade normativa imposta pela sociedade;
Repasse da cultura heterosexista para filho(a)s e para a sociedade.
No entanto aqueles que aceitam ser o que são, vivem melhor com:
Auto-aceitação e auto-valorização;
Quebra de tabus que causam enorme sofrimento;
Conhecimento e respeito à diversidade;
Respeito às diferentes formas de amar;
Conscientização das pessoas;
Sensação de liberdade interior;
Auto-estima em alta;
Fortalecimento para o movimento LGBT.
Como passar dos que não se aceitam para os que se aceitam? Este é um trabalho importante a ser empreendido, pois disso depende a felicidade ou ao menos um bem estar para melhor qualidade de vida.
Cláudia Alcântara – Psicóloga Clínica.
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